Foco da empresa que recebeu o aporte da gestora está na oferta de crédito para Cafeicultores.
Por Rikardy Tooge— De São Paulo
Agfintech com menos de dois anos, a Culttivo carrega mais vivência na área de café do que seu tempo de fundação presume. Com o conhecimento de mais de 20 anos de mercado, seus fundadores enxergaram espaço para ofertar soluções de crédito rural a agricultores que querem agilidade e não cabem mais na lógica do financiamento subsidiado pelo governo, cada vez mais escasso.
“Entendemos que o processo para o produtor precisa ser rápido, simples e confiável”, diz Gustavo Foz, CEO da Culttivo. Fundada em maio de 2020, a startup rodou a sua primeira safra de café ofertando apenas crédito para estocagem dos grãos. Foram cerca de R$ 8 milhões, com ticket médio de R$ 180 mil por operação.Sediada na Faria Lima, a startup tem foco em produtores de café arábica de Minas Gerais e São Paulo.
O resultado superou a expectativa inicial, o que levou a empresa a buscar um sócio que pudesse ajudar a escalar o negócio. E ele apareceu. O fundo de agronegócios da KPTL fez no início deste ano um aporte de R$ 6,2 milhões na agtech, mais uma nessa frente que a gestora de venture capital passou a deter em seu portfólio, que incluiu Agrotools, Agrisolus, entre outras.
Os quatro fundadores da agtech tem longa experiência com café. Gustavo Foz, o CEO, e Gabriel Santos, diretor operacional, atuam há duas décadas juntos.
Conheceram-se na operação de financiamentos da Sertrading e, com a compra dessa área pelo banco Indusval (atual Voiter), continuaram trabalhando no ramo.
Agilidade no crédito
Com uma plataforma que alia análise do histórico do produtor e situação trabalhista e ambiental, a Culttivo promete agilizar a entrega do crédito rural. Com o financiamento de estocagem já consolidado, a empresa vai oferecer crédito para financiar as lavouras, com a meta inicial de liberar R$ 100 milhões na safra que vai ser colhida neste ano e de R$ 500 milhões em até dois anos. Os recursos deverão vir de fundos com os quais já possui parceria, mas a startup também vê grande potencial no mercado de capitais, como os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro).
“O café movimenta de R$ 60 bilhões a 70 bilhões apenas na primeira camada, que são os produtores rurais. Para isso, temos que aumentar nosso ticket médio para R$300 mil por operação, e a vinda dos investidores surge exatamente para que a gente consiga trazer mais tecnologia”, reforça Gustavo Foz.
Com os recursos da KPTL, a startup pretende aumentar sua equipe e a melhorar a tecnologia embarcada em sua plataforma, bem como expandir o número de representantes comerciais, que atuam em uma lógica parecida com o que a XP faz com seus agentes autônomos.
“É mais do que apostar na tese, é ajudar a destravar para escalar. Temos sinergias a oferecer para fomentar o ecossistema da Culttivo”, afirma Mariana Caetano, especialista do Fundo Agro da KPTL.
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