A combinação de taxas de juros nas mínimas históricas com a inflação comportada (para citar somente dois fatores) tem atraído novos players a ingressarem no mercado de crédito não convencional, impulsionando o mercado de capitais, que começa a aparecer como uma alternativa de financiamento ao agronegócio. De olho nessa demanda crescente, a Culttivo, nova fintech do setor agro, chegou ao mercado em maio com o objetivo de oferecer acesso simplificado ao crédito para produtores de café que tiverem seus estoques depositados em armazéns credenciados pela plataforma.
Em pouco mais de dois meses de atividades, já foram liberados R$ 5 milhões em crédito para produtores de café de São Paulo, Sul de Minas e do Cerrado Mineiro, além de iniciar o processo de ampliação na base de armazéns credenciados. Agora a startup assinou uma parceira para os fundos da Augme Capital carregarem até R$ 50 milhões em créditos para os clientes da plataforma.
De acordo com Marcelo Urbano, diretor de investimentos da Augme Capital, um dos motivos que atraíram o fundo a fechar contrato com a Culttivo foi o fato de os CDA/WAs (Certificado de Depósito Agropecuário e Warrant Agropecuário) serem títulos bastante seguros, mas ainda pouco conhecidos dos investidores brasileiros. “Como não possuímos um time de originação, estamos sempre buscando parceiros para nos trazer boas oportunidades de investimento. No caso da parceria com a Culttivo, encontramos neles não só a competência e expertise de pessoas que trabalham na indústria cafeeira há bastante tempo, bom relacionamento com os produtores rurais, mas também uma ótima governança na esteira de emissão de crédito”, afirma o diretor.
Sobre os pontos fortes da operação em si, Urbano destacou a robusta plataforma de originação de crédito a produtores rurais por meio de CDA/WAs lastreados em café arábica depositado em armazéns credenciados na B3. “Os armazéns parceiros atendem a padrões diferenciados de controles, com seguro embutido, mitigando-se assim os principais riscos. Com esta estrutura montada, a Culttivo ajuda o produtor rural, que consegue utilizar o café já colhido para ampliar seu acesso a crédito, barateando seu custo de dívida; e o credor, no caso os fundos da Augme, consegue investir a uma taxa atrativa, dada a segurança obtida”, conclui.
Gustavo Foz, CEO da Culttivo comemora o fechamento da parceria e acredita que esta estrutura poderá ser apliada e até mesmo que novos produtos de crédito sejam criados para futuros deals. “Estamos muito otimistas. Estamos no mercado há pouco mais de 60 dias e já conseguimos um parceiro forte e um volume de cliente considerável. Isso nos motivou a aumentarmos nossa projeção de crescimento. Esperamos em pouco mais de dois anos atingir 500 milhões de reais em crédito para a cadeia produtiva do setor cafeeiro.